Segundo Paulo Henrique Silva Maia, doutor em saúde coletiva pela UFMG, as doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, obesidade e câncer, são responsáveis por grande parte das internações e mortes no Brasil e no mundo. Embora tenham origens multifatoriais, muitos dos seus principais fatores de risco estão ligados ao estilo de vida. Mudanças simples e constantes nos hábitos cotidianos podem ter um impacto expressivo na prevenção e no controle dessas condições.
Neste artigo, você vai entender como pequenas atitudes no dia a dia podem reduzir riscos e melhorar a qualidade de vida, mesmo em cenários de vulnerabilidade social ou acesso limitado a serviços de saúde.
O que são doenças crônicas e por que sua prevenção é tão importante?
As doenças crônicas são caracterizadas por sua longa duração, progressão lenta e, muitas vezes, ausência de cura definitiva. O diabetes tipo 2, a obesidade e vários tipos de câncer — como o de cólon, mama e pulmão — estão entre os exemplos mais prevalentes. De acordo com Paulo Henrique Silva Maia, essas doenças impactam diretamente a produtividade, a renda familiar e os sistemas de saúde pública.
No entanto, a maioria delas está fortemente relacionada a fatores modificáveis, como alimentação inadequada, sedentarismo, consumo excessivo de álcool e tabaco, estresse e falta de sono. Por isso, investir na prevenção não é apenas uma estratégia de saúde pessoal, mas uma política de interesse coletivo.
Como a alimentação pode auxiliar no combate às doenças crônicas?
A alimentação é um dos pilares mais importantes para a saúde. Dietas ricas em alimentos ultraprocessados, açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio aumentam significativamente o risco de doenças metabólicas e cardiovasculares. Por outro lado, a inclusão de frutas, verduras, legumes, grãos integrais e proteínas magras tem efeitos protetores comprovados. Algumas atitudes simples incluem:
- Reduzir o consumo de refrigerantes e sucos industrializados
- Cozinhar mais em casa e evitar fast food
- Ler os rótulos dos alimentos antes de comprar
- Manter uma rotina de refeições equilibradas e em horários regulares

Para Paulo Henrique Silva Maia, a reeducação alimentar é um processo contínuo, que deve envolver toda a família e ser adaptado à realidade de cada pessoa, respeitando suas possibilidades econômicas e culturais.
Qual a importância da atividade física na prevenção?
O sedentarismo é um dos maiores vilões da saúde moderna. A prática regular de atividade física ajuda a controlar o peso corporal, melhora o metabolismo da glicose, fortalece o sistema imunológico e reduz o risco de diversos tipos de câncer. Não é necessário começar com treinos intensos: caminhar 30 minutos por dia, subir escadas, dançar ou fazer alongamentos já trazem benefícios. O ideal é escolher uma atividade prazerosa, que possa ser mantida de forma contínua.
Paulo Henrique Silva Maia ressalta que o estímulo à prática de exercícios deve começar na infância e continuar ao longo da vida, sendo incorporado à rotina como parte de um estilo de vida saudável. O estresse crônico, a ansiedade e a depressão também estão associados ao desenvolvimento e agravamento de doenças crônicas. Situações emocionais mal gerenciadas afetam o sono, a alimentação e o nível de atividade física, criando um ciclo de risco. Pequenas atitudes para cuidar da saúde mental incluem:
- Reservar momentos de pausa durante o dia
- Praticar meditação, respiração consciente ou leitura relaxante
- Manter contato com amigos e familiares
- Buscar ajuda profissional sempre que necessário
Embora as atitudes individuais sejam fundamentais, a construção de ambientes saudáveis também depende de ações estruturantes. Paulo Henrique Silva Maia defende que o combate às doenças crônicas exige um modelo de cuidado integrado, em que o poder público, a sociedade civil e a iniciativa privada atuem de forma coordenada para transformar hábitos e promover equidade.
Autor: Igor Kuznetsov