A presença de mulheres em cargos de liderança política tem provocado mudanças significativas em diversas áreas sociais, indo além da representatividade. Quando uma mulher ocupa uma posição de destaque em órgãos públicos, a forma de governar tende a se tornar mais sensível a questões relacionadas ao cuidado, à saúde e à inclusão. Essa transformação tem implicações profundas, especialmente no campo da saúde mental de outras mulheres. Os impactos desse tipo de liderança não são apenas simbólicos; eles são reais e mensuráveis.
Estudos recentes mostram que, ao se eleger uma gestora municipal do sexo feminino, há uma queda relevante nos índices de sofrimento emocional entre mulheres, em especial aquelas que estão em relacionamentos conjugais. Isso se deve à maneira com que políticas públicas mais humanizadas e focadas em igualdade de gênero ganham espaço sob essa gestão. A figura da mulher na liderança inspira, mas também protege, pois favorece a implementação de ações mais voltadas à saúde emocional, como programas de apoio psicológico, redes de proteção social e combate à violência doméstica.
Quando uma mulher vê outra em posição de poder, especialmente em um cenário historicamente dominado por homens, ela se sente validada e representada. Essa sensação de identificação tem um impacto psicológico profundo, funcionando como um espelho social que reforça o sentimento de pertencimento e valor. Isso, por sua vez, pode reduzir a sensação de isolamento, desesperança e pressão social que tantas vezes leva a quadros graves de depressão e ansiedade entre mulheres casadas.
A liderança política feminina tem contribuído para a construção de ambientes sociais mais seguros para mulheres. Governos liderados por elas tendem a investir com mais afinco em políticas públicas de saúde e proteção social, oferecendo suporte concreto a mulheres em situação de vulnerabilidade. Não se trata apenas de aumentar números em cargos eletivos, mas de transformar o conteúdo e o foco das ações governamentais. Essa abordagem mais empática e inclusiva se reflete na redução de problemas emocionais e psicológicos enfrentados por grande parte da população feminina.
Ainda que a sociedade avance lentamente em termos de paridade de gênero na política, os benefícios da liderança exercida por mulheres já são visíveis. Esses efeitos se espalham por diversas camadas sociais, mas são particularmente importantes no que diz respeito à saúde emocional das mulheres. Quando elas têm uma figura feminina de referência no comando de suas cidades, ganham mais que uma gestora: ganham uma aliada no enfrentamento das pressões diárias que afetam o psicológico.
Além disso, muitas prefeitas têm promovido ações diretas voltadas à saúde mental, criando centros de acolhimento, ampliando serviços psicossociais e integrando redes de atendimento voltadas para o bem-estar das mulheres. Essa sensibilidade com relação às dores invisíveis do cotidiano feminino raramente era priorizada por lideranças masculinas, o que explica a relação direta entre a gestão feminina e a melhoria nos indicadores de saúde emocional.
A liderança política exercida por mulheres tem o poder de redefinir prioridades dentro da administração pública, tornando visível o que antes era negligenciado. Esse novo olhar, que enxerga as necessidades emocionais das mulheres como parte essencial da saúde pública, é uma revolução silenciosa com efeitos duradouros. Não é coincidência que, ao se sentirem mais protegidas e ouvidas, mulheres passem a apresentar índices mais baixos de sofrimento psíquico, inclusive em relação a quadros extremos como o suicídio.
A transformação promovida por essa nova forma de governar aponta para a importância de continuar ampliando a participação feminina na política. Trata-se de um caminho que, além de justo, é necessário para garantir uma sociedade mais equilibrada, empática e saudável. A representação feminina, quando genuína e comprometida com o bem-estar coletivo, tem o poder de salvar vidas de maneira concreta, especialmente aquelas que sofrem em silêncio sob o peso das expectativas e desigualdades.
Autor : Igor Kuznetsov